sexta-feira, 10 de outubro de 2008

mônica por mônica

O meu universo de trabalho sempre foi o das imagens. Na fotografia o foco central sempre foi gente e cidade. Com gente o portrait é o meu gênero predileto. E a família e os amigos, principalmente as mulheres, são meus principais modelos. Nunca possuí grandes equipamentos, nunca utilizei luz artificial. Objetivamente o meu interesse sempre foi a luz natural utilizando o claro /escuro e as sombras. Subjetivamente captar a atmosfera do momento e do não revelado. Na cidade o meu olhar é sempre na direção de flagrantes do cotidiano ou dos elementos que traduzem uma determinada localidade: arquitetura, meios de transporte, comidas, vitrines... Paisagens nunca me interessaram em nenhum suporte. Paisagens para mim são belíssimas e alimentam a alma lá, in natura.

Em 1988 a grande largada: participo da 1ª Bienal de Fotografia na Bahia com o trabalho “Mulheres da minha vida”, que considero a síntese do que falei acima sobre a minha linguagem fotográfica. E, a entrada no reino do áudio visual com o documentário “Eu sou neguinha?”. A escolha do gênero documentário reafirma a minha posição diante do objeto: o desejo de retratar a realidade pelo viés mais antropológico. Ou seja, o foco permanece o mesmo, o que muda é o suporte.

Depois de “Eu sou neguinha?” considero importante pontuar: “O Código de Hamurabi” (1990) e “Quilombos Urbanos” (1993). Os dois são também documentários e em cada um fui experimentando novas formas de narrativa e a utilização de outros suportes. Filme super- 8 e fotografia ainda timidamente em “Código” e fotografia assumidamente como linguagem e narrativa em “Quilombos”.

Embora os assuntos sejam variados o tema central continua sendo minha cidade e sua gente. Em 1995 ganhei uma residência através do Göethe Institut da Bahia para uma das mais importantes escolas de vídeo arte da Europa: a Kunsthochschule für Medien Köln, na Alemanha. Esta experiência foi um divisor de água na minha produção. Realizei ainda lá o meu primeiro vídeo experimental, “Sonntag”, onde também pela primeira vez utilizo a mim mesma como personagem.

Quando retornei ao Brasil fiz minhas primeiras instalações: “Lambe-Lambe” (Prêmio Copene-1997) e “Verdades e Mentiras”( Salão MAM Bahia-1997), continuo com a mesma temática, mas acrescento um novo gênero no meu fazer. Considero “Lambe-Lambe” um marco na minha trajetória enquanto artista. Além de utilizar a fotografia e o vídeo como linguagem incorporo pela primeira vez as artes plásticas, em forma de objetos e esculturas.

Nos últimos sete anos destaco três trabalhos: “Uma Cidade”(2000) declaração de amor ao filme de arquivo de família onde utilizo apenas o suporte fílmico e uma narrativa sem palavras. Considero o meu vídeo mais original. O documentário “Tatuagem”(2004) onde divido o meu olhar com mais quatro amigos fotógrafos e onde uso o maior número de suportes: super 8, polaroid, fotografia digital, fotografia analógica e vídeo digital. E a instalação “Auto-Retrato”(XI Salão MAM Bahia-2004) onde mais uma vez assumo o papel de personagem e agente provocador.

Posso concluir que venho utilizando cada vez mais o meu corpo como suporte e produto final das minhas obras assim como objetos e temas que fazem parte da minha história e da minha cidade e mais recentemente intruduzi um novo suporte, os tecidos, criando esculturas que batizei de pano.

Quem sou eu

Minha foto
Transito há 20 anos no universo das artes visuais. Em 2008 introduzi um novo suporte que é o pano, reafirmando o meu viés multimídia da artista que migra da fotografia para a arte eletrônica e digital e agora para a arte têxtil. Migrando mas sempre incorporando às novas descobertas os antigos suportes.